Hoje tomo emprestado uma passagem do livro BASTA! de Don Cheadle e John Prendergast.
Passei várias hora a pensar nestas palavras "Trágico e Apocalítico". O meu melhor amigo sugeriu-me que não fosse "trágica e apocalíptica"; penso que se referia ao quotidiano da vida, e creio que tenho alguma propensão para o ser, pelo que achei de facto uma sugestão muito oportuna. Mas, como de facto sou muito complicada, as palavras ficaram a ecoar no meu pensamento.
E do quotidiano da vida passei rapidamente a assuntos que me preocupam e que têm vindo a preencher as horas do meu trabalho. O pensamento voou para o "Trágico" de facto do Dafur, talvez porque é um dos livros que tenho estado a ler.
Logo no ínicio, no capítulo 1, página 29:
(...) Para nós, o Dafur tem sido o Ruanda em câmara lenta.Terão morrido talvez quatrocentas mil pessoas ao longo de três anos e meio de cachina, mais de dois milhões e um quarto ficaram sem casa e, numa intriga secundária particularmente sinistra, milhares de mulheres foram sistematicamente violadas. Durante 2006, o genocídio começou a disseminar-se, espalhando-se para além da fronteira, para o Chade, onde aldeões chadianos (e refugiados darfurianos) foram chacinados e ainda mais mulheres violadas por mílicias apoiadas pelo Governo sudanês.
Infelizmente, a resposta internacional também se tem desenvolvido em câmara lenta. Com crimes contra a humanidade como o genocídio no Dafur, o mundo solidário está inevitavelmente numa corrida mortal contra o tempo para salvar e proteger o máximo de vidas possível. No Outono de 2004, depois da sua visita ao Sudão, o secretário Powell invocou oficialmente o termo «genocídio». Pouco depois, o seu exemplo foi seguido pelo presidente Bush. Esta representou a primeira vez que um genocídio em curso foi tratado pelo seu devido nome por um presidente dos EUA em exercício. E contudo, no Dafur, como na maioria destas crises, a comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos, respondeu principalmente exigindo cessar-fogos e enviando ajuda humanitária. São gestos importantes, certamente, mas não põem fim à matança.
Acreditamos que é nossa responsabilidade colectiva voltar a santificar a sagrada expressão pós-Holocausto «Nunca Mais» - transformá-la em algo significativo e fundamental. Não só para o genocídio que está a decorrer hoje no Dafur, mas também para o próximo caso de tentativa de genocídio ou de atrocidades em massa.
E há outros casos, sem dúvida.
(...)
Temos que fazer tudo o que pudermos para nos organizarmos, fazer cumprir a lei internacional dos direitos humanos e impedir que estes crimes hediondos voltem a acontecer.
Este é o nosso desafio.
(...)
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...esta é só uma pequena passagem do livro... todo o seu testemunho nos mostra o trágico...
Obrigada Z. por me teres feito pensar, no que é verdadeiramente trágico.
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