domingo, 23 de dezembro de 2007

Quase véspera de Natal


Amanhã é véspera de Natal!
Hoje é o dia de abrir o armário das lembranças, que adquiro durante o ano, pensando em cada pessoa a quem gosto de oferecer um mimo no dia de Natal.

Houve uma época que os guardava embrulhados, com o nome, com um cartão...prontos a seguirem o seu destino. Mas, as vezes, que pensava que talvez não fosse adequado, de que não me lembrava muito bem o que estava dentro da embalagem colorida, eram muitas...tinha que desembrulhar e tornar a fazer um novo pacote de laçarotes (quando se abrem ficam sempre com ar desarrumado por mais cuidado que se tenha). Fazer uma lista com a descrição do que continha cada embalagem não resultava. Passei a guardar as lembranças sem estarem vestidas de papel e laços.Todos os anos inventava formas diferentes de as enfeitar. Gostava desta tarefa.

Lembro-me especialmente dos anos em que por razões familiares...(isto de ter várias famílias por vezes é complicado)...fazia duas noites de Natal; da dificuldade em não confundir as pessoas e os presentes...(as crianças adoravam, dois natais); do rebuliço do nosso laboratório na faculdade no dia da troca de presentes...

As crianças cresceram, as famílias duplicadas desapareceram; o laboratório durou mais uns anos...

Fui abrir o armário! Confesso que não me surgiu a ideia do nada, já andava a fermentar no pensamento. Mudei o destino das lembranças. Descobri quem ficaria muito feliz. Serão várias outros rostinhos e o meu também. Claro que fico com dúvidas, claro que questiono os meus motivos. Mas entretanto aconteceram vários episódios que me ajudaram a estar mais segura. Para além disto, a Sara e a Raquel ficaram tão contentes com a minha decisão que quase acredito que os meus motivos são bons.

Estou muito, muito diferente...

Penso muitas vezes que as pessoas não mudam. Não mudam profundamente, umas cedências, uns ajustes...mas mudar?! Já não tenho a certeza. Comecei a sentir-me mudar há cerca de cinco anos, bem devagar,com avanços e recuos. Há dois anos mudei tanto que quase penso que não sou mais eu. Provavelmente já era assim, o meu outro eu escondido no convencional da vida; provavelmente no esforço de inventar uma vida esqueci-me de mim. Encontrei-me e ainda não sei se consigo sobreviver. Passaram tantos anos, a pessoa que fui é aquela que estão habituados a conhecer; aquela que sou agora é uma desconhecida, até eu tenho dificuldade em lidar com "ela". Vou tentar um equílibrio.

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