quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

O que dói mesmo, mesmo muito?



Era uma vez, uma extraterrestre cor-de-rosa: O seu nome era Zi. Tinha antenas curtas e avermelhadas, olhos enormes dourados, um bonito sorriso e um nariz arrebitado. Zi adorava viajar pelo espaço na nave parecida com um grande caramelo colorido. Ficava deslumbrada com tudo o que observava. Escrevia muitas histórias sobre os passeios pelo espaço e os encontros com os outros seres do Universo. Zi estava sempre bem disposta, sorridente, e maravilhada com a vida.

Um dia, durante um dos voos na nave colorida aproximou-se de um pequeno planeta. Ficou extasiada; olhou em redor e viu que era azul, de um lindo azul. Tinha aqui e acolá manchas verdes. Aproximou-se mais e mais. Poisou suavemente no centro de uma mancha verde. Eram árvores! Ela sabia, pois tinha muitos livros sobre o Universo e já tinha visto estes seres verdes, que não se deslocam, mas são simpáticos. Têm folhas, flores, frutos, grandes sombras, fazem dos lugares cantos bonitos e agradáveis. Geralmente servem de casa a outros seres. Uns com penas que esvoaçam, debicam, cantam, dormem empoleirados nos ramos; outros pequeninos de asas transparentes cantando num tom monótono BZZZZZ...BZZZZZ...BZZZZZ, abelhas gulosas; ainda outros seres verdes, peganhentos que se arrastam preguiçosamente pelas folhas.

Zi, desceu da nave. Olhou em volta para se ambientar àquele lugar. Logo em frente viu uma mancha azul com ar fresco; era um lago...era água. Também lá moravam vários seres diferentes, coloridos e brilhantes que pareciam divertidos nadando de um lado para o outro. Depois de admirar todo aquele encanto de seres variados, Zi sentou-se à sombra de uma das árvores, uma que lhe pareceu muito mágica, as folhas ondulavam e cintilavam de forma diferente da das suas vizinhas.

Com os olhos sonolentos, Zi foi espreitando o cintilar das folhas. Subitamente um ser pequeno, de diáfana beleza, asas translúcidas e vestido lilás poisou serenamente junto a Zi; outros seres belos e cintilantes juntaram-se ao primeiro. Eram fadas e princípes da árvore mágica. Fizeram mil perguntas a Zi, que respondeu alegremente. Zi também quis saber quem eram, os seus nomes e como viviam. O tempo foi passando Para uma extra-terreste, fadas e princípes encantados, o tempo não é importante. Ali ficaram falando, rindo, jogando.

A fada Carolina era muito, muito faladora; Zi gostou dela. A fada Margarida escutava de olhos arregalados e ficava quietinha baloiçando o corpinho delicado no seu vestido cor de malvas; havia também a fada Raquel, a fada Sara, o princípe Zeke, o princípe Zaki, o Zuli, enfim, muitos novos amigos para Zi.

Zi deixou-se embalar na doce conversa; contou, a todos, muitas peripécias das suas viagens. Finalmente adormeceram.

Quando os primeiros raios da madrugada apareceram ao longe ainda escondidos pelas copas das árvores, Zi acordou e saltitando foi até ao lago visitar os peixes vermelhos e os grandes cisnes negros. Estava muito absorta na sua conversa com os seres do lago quando ouviu um ruído de pauzinhos pisados. Olhou um bocadinho assustada. Era o princípe Zeke. Também madrugara e viera fazer companhia a Zi. Para estes seres mágicos tudo acontece sem tempo. Zeke apaixonara-se por Zi, estava preso no seu belo coração, nas suas viagens, nos seus contos e nos grandes olhos dourados.Contou a Zi como gostava dela. A grande alegria é que Zi se enamorara de Zeke na noite anterior. Ou fora há mais tempo, muito mais tempo? Mas o tempo não era importante. Passearam de mãos dadas até o Sol ir alto no céu.

Não contaram nada sobre o seu amor aos outros amigos. Era um segredo só deles!

Ao longo das horas, tornaram a contar muitas histórias, fizeram gelados dos frutos das árvores e bolinhos de mel. As fadas e princípes estavam contents e Zi muito maravilhada com este pedaço do universo. Como sabem, a fada Carolina era muito, muito curiosa. E era também muito esperta e atrevida. Andou cirandando à volta de Zi, fez perguntas aqui e ali, disto e daquilo; contou muitas coisa simpáticas sobre Zeke. Tudo parecia estar muito bem.

Passado um tempo Zi teve que voltar para a nave caramelo colorida para continuar a viagem pelo astros. Estava triste, um pouco triste por se separar de Zeke. Iriam falando através dos sons das galáxias. O seu amor continuou em segredo, era só deles.

Foram muitas as conversas intergalácticas entre Zi e Zeke. Tinham saudades. mas, estava tudo bem, um dia Zi voltaria ao planeta azul, à clareira da árvore mágica.

A fada Carolina, criatura deliciosa mas um pouco desocupada e estouvada, também comunicava com Zi e lá ia contando peripécias do seu planeta. Como era muito atrevida, talvez não fosse maldosa, conversa aqui, conversa ali, arranjou um sarilho. Inventou umas histórias na sua loira cabecinha e lançou desconfiança na alma de Zeke, que ficou a pensar que o seu segredo, já não seria um segredo. Surpreendida Zi, tentou entender; tentou esclarecer. Mas, sabem estas coisas de intrigas (mesmo sem ser por mal...)fazem mesmo muito mal. Fica um sabor amargo, uma tristeza, a sensação de que levámos uma alfinetada nas costas; e dói, dói mesmo muito.

Querem saber a coisa que mais dói no mundo?
- A Injustiça!

E as outras coisa que doem muito, mesmo muito? Mais do que uma ferida no joelho ou no sobrolho?
- A mentira, a intriga...

Zi está triste! Zeke talvez um dia volte a confiar nela. Mas até Zi voltar ao planeta azul tem um sabor amargo na boca e o seu sorriso ficou menos brilhante. Ela não sabe se vai reaver a confiança de Zeke...

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